segunda-feira, 28 de abril de 2014

Trilha da Barra da Lagoa à Galheta

Ontem, domingo meio nublado, daqueles que expulsam a gente de casa para que não passem em branco, eu e a Tânia resolvemos fazer uma trilha.
Como há duas semanas tínhamos combinado fazer a da Galheta para a Barra da Lagoa com a Laís e o Neimar que passaram por aqui e logo voltariam para Los Angeles, mas a chuva impediu, resolvemos nos vingar e a fizemos, embora no sentido contrário, da Barra para a Galheta.
E como já tinha mais de cinco anos que não andava por lá, estranhei algumas coisas: umas construções logo no início da trilha, muitas setas pintadas já gritavam que os medos citadinos eram levados nas mochilas e abandonados nas pedras que nada têm a ver com eles nem com quem passa.
A paisagem continua bela, no entanto. O brilho do sol tímido no mar, o visual da Barra, de Moçambique que segue até o Santinho, a ilha do Xavier, a Lagoa da Conceição que se exibe da Rendeiras à Costa, o B formado pelas praias da Galheta e Mole, enfim, tudo que não depende do homem continua encantando.
Mas levamos um susto quando chegamos à Galheta e seguimos para a oficina lítica com inscrição rupestre estimada com 4.200 anos, como informava antiga placa que não mais encontramos. O susto foi por conta do excesso de lixo (latas de cerveja, de energéticos e de camisinhas). Sim, de camisinhas usadas e suas embalagens largadas em toda parte, denotando a falta de educação e o cuidado zero dos frequentadores.
Para quem não sabe, a praia da Galheta é uma praia de nudismo facultativo. Certamente que isto poderia contribuir para o fomento do potencial turístico que vendem da Ilha de Santa Catarina, atraindo outros  públicos. É sabido, entretanto, que a Galheta não tem sido mais que reduto de homossexuais... Até aí tudo bem; o que não se responde é o que isto tenha a ver com práticas sexuais em espaço que é público, de todos, portanto, e não de um grupo que se acha no direito de desrespeitar regras básicas de convívio. É verdade que não encontramos ninguém de quatro nas pedras, mas pela quantidade de camisinhas... foi por mera sorte.
Que a Prefeitura deixe de se omitir quanto às suas obrigações e não permita que se instalem "cercas" de privilégios, garantindo a limpeza e o acesso de todos, livre de constrangimentos, àquele sítio arqueológico que deve ser conhecido inclusive pelas crianças.
Aí vão as fotos da trilha de ontem, na esperança de que a próxima nos ofereça uma Galheta limpa e acolhedora, também, à minoria heterossexual.
Início da subida com vista da praia da Barra da Lagoa









Oficina lítica

Oficina lítica

Oficina lítica



Inscrição rupestre com estimados 4.200 anos.



A aranha como que demarcou o centro da teia para saber onde se posicionar.